O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), ficando atrás apenas do câncer de pele. Nas mulheres, essa variação da doença é a mais incidente, não só no Brasil, como também no mundo. Receber o diagnóstico de uma doença tão perigosa é complicado, pois além dos desafios físicos que o enfrentamento de um câncer exige, existem os impactos que o tratamento causa na saúde mental do paciente.
Primeiro, as pessoas reagem a uma notícia como essa de maneiras diferentes, podendo, assim, ter a saúde mental mais ou menos afetada. Alguns fatores como traumas prévios, transtornos mentais anteriores, falta de uma rede de apoio e dificuldades financeiras podem contribuir para abalar a estrutura psicológica do paciente.
Apesar de não ser uma das causas da doença, o estresse crônico também é um fator que pode influenciar o prognóstico do câncer, causando efeitos negativos no organismo e contribuindo para a evolução da doença.
Outro dano psicológico possível nas mulheres que recebem o diagnóstico é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TSPT). Passar por uma doença como essa pode acarretar traumas duradouros.
Tratamento do câncer de mama X saúde mental
Toda essa turbulência emocional afeta o bem-estar geral da mulher diagnosticada com câncer de mama. Assim ela fica mais propensa a ter problemas com o sono, perda de memória, ansiedade, depressão entre outras complicações psicológicas.
Mas, para além dos impactos causados pela ameaça de perigo que a doença traz, o tratamento contra o câncer de mama é agressivo tanto para o corpo quanto para a mente.
Os medicamentos da quimioterapia, por exemplo, podem causar fadiga, náusea e perda de apetite. Já, a terapia hormonal pode afetar consideravelmente o humor da paciente, assim como pode induzir o início repentino da menopausa – fenômeno conhecido como menopausa médica. Ainda alguns tipos de radioterapia na área do tórax ou pescoço — além de medicamentos de imunoterapia — podem afetar o funcionamento da tireóide, ocasionando episódios de tristeza ou cansaço. Segundo o American Cancer Society (ACS), quase uma a cada quatro pessoas diagnosticadas com essa enfermidade sofre de depressão.
Mesmo sabendo da dura batalha que terão pela frente, as pacientes podem ter dificuldade em buscar ajuda para manter o equilíbrio psicológico durante o tratamento. Por isso, é muito importante estimular a busca por apoio e evitar, ao máximo, que elas esperem chegar ao seu limite mental para receber suporte.
Os indicativos de questões psicológicas durante esse período podem ser muito sutis. A sensação de não conseguir realizar tarefas do cotidiano, como estudar ou trabalhar, sentir a perda da capacidade de superação das dificuldades ou problemas para se relacionar com amigos e familiares são sinais de alerta.
Cuidados com a mente
Cuidar da mente pode tornar o tratamento do câncer de mama menos complicado. Técnicas de relaxamento, respiração, e meditação ou mindfulness — práticas que ajudam a concentração no presente, controlando o fluxo de pensamentos, podem trazer grandes benefícios. Além disso, a criação de redes de apoio e a psicoterapia promovem o conforto, a autoconfiança e o autoconhecimento, fortes aliados nesse processo.
Mas, como podemos auxiliar quem recebe o diagnóstico de câncer de mama?
Uma questão simples e central para evitar problemas de saúde mental é falar sobre o problema e sobre os sentimentos. Desta forma, estar presente, ter empatia, sensibilidade, e, principalmente, escutar com atenção e sem julgamentos, são atitudes que oferecem um suporte indispensável a quem se encontra nessa circunstância.
Outro ponto significativo é oferecer ajuda para questões práticas do dia a dia, já que os efeitos colaterais do tratamento podem prejudicar tanto o trabalho quanto a vida pessoal das pacientes, que normalmente lidam com uma sobrecarga mental. Saiba mais sobre os impactos do trabalho invisível das mulheres na saúde mental.
Por fim, além do time de médicos especialistas e enfermeiros, é importante que a paciente possa contar com uma equipe multidisciplinar para auxiliá-la no tratamento, formada por profissionais como psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e nutricionistas. Todos eles terão um papel fundamental durante e depois do tratamento, cuidando tanto do corpo, quanto da mente.